V05C02 - O NEVOEIRO NO CÉU - PARTE 05

Parte 05 - Enfrentando o passado

Recentemente, Nygglatho tem agido um pouco estranha. Olhando fixamente para fora de uma janela, parecendo que ela estava prestes a chorar, enterrando sua cabeça em seus braços, de repente, indo caçar ursos nas montanhas... Bem, não, ela sempre faz essas coisas, mas... Mas ainda assim, algo parece errado com ela. É difícil colocar em palavras, mas definitivamente existia algo.

Colocando isso de lado por enquanto, Rhantolk Ytri Historia estava atualmente enfrentando um problema próprio.

Ela assou um bolo de libra. Ela esmagou os grãos de café e amassou-os na massa, adicionou um pouco de conhaque para aromatizar e algumas nozes assadas para dar textura. Fazer as sobremesas sempre foi um dos hobbies de Rhantolk. No passado, ela costumava pegar emprestado um canto da cozinha e assar todo tipo de doces para uma mudança de ritmo em dias sem treino. Ela até ficou nisso por um tempo. No geral, ela tinha muita fé em suas habilidades.

Depois de terminar este bolo de libra, Rhantolk estava quase certa de seu sucesso. Ela teve que lutar muito para evitar que um sorriso esquisito se espalhasse pelo rosto. Com expectativa de receber louvores, ela entregou porções a todas as pequeninas.

Depois que todas tiveram a chance de experimentar sua primeira mordida, os rostos bastante desanimados preencheram a sala, como se alguém tivesse vindo e estampado exatamente a mesma expressão em cada uma das meninas.

[Tem algo errado], murmurou Tiat.

[Tem gosto de uma imitação]. Pannibal atingiu um ponto doloroso.

[É amargo!], declarou Collon com migalhas presas em suas bochechas.

Comentários negativos unânimes. Rhantolk logo percebeu a causa de seu fracasso. O sabor que ela queria provar era diferente do sabor exigido pelas pequeninas. Ela tinha se esquecido de ter em conta esse fato tão simples. Se ela tivesse apenas pensado nas pessoas que realmente comeriam sua criação, ela teria evitado um erro de novato. Sentiu-se um pouco surpresa com a incompetência dela, Rhantolk desabou no chão.

[Ah, acho que é realmente bom! Tem um gosto para adultos!]. Lakhesh levantou-se da cadeira e tentou desesperadamente defender o fracasso do bolo de libra.

Lakhesh realmente era uma boa criança, sempre sendo atenciosa com as outras. Rhantolk queria dar um abraço. No entanto, essa bondade era um pouco dolorosaagora.

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Rhantolk tentou participar de um jogo de bola das crianças. A tendência no momento parecia ser um novo tipo de jogo desconhecido para ela, então primeiro ela teve que aprender as regras. Isso envolvia duas equipes concorrentes para obter a bola no objetivo da equipe adversária. Para ganhar, uma equipe tinha que obter um certo número de pontos em geral, ou cada membro da equipe marcar pelo menos uma vez.

[Willem nos ensinou este jogo. Ele disse que seria uma boa prática para lutar em equipe].

Rhantolk ouviu aquilo ligeiramente irritada, mas não deixou isso aparecer em seu rosto. Ela não queria que ninguém soubesse o que ela sentia por aquele 2º técnico, então ela se segurou. Em vez disso, ela decidiu dissipar essa frustração ao dominar o jogo.

Não foi tão simples, no entanto. Sendo uma fada soldada totalmente crescida, as habilidades físicas de Rhantolk ultrapassava a das pequeninas. Então, naturalmente, indo com tudo contra as adversárias com uma desvantagem tão grande e inerente teria sido muito imaturo. Ela pensou que, se não fosse fácil com elas, o jogo não teria sido divertido.

As crianças foram com tudo. E Rhantolk sofreu uma derrota miserável. A razão era clara: uma pessoa sozinha não conseguiria marcar cada membro da equipe. Além disso, a força e a velocidade por si só não fez muito para ajudar a marcar todos os pontos da equipe. Habilidades como o trabalho em equipe e a capacidade de acompanhar tudo de uma só vez entravam em jogo, e Rhantolk acabou por não ser uma rival para elas.

[A teoria é poupar os melhores pontuadores para a segunda metade do jogo. Na primeira metade, eles só podem defender].

[Além disso, a capacidade de ajudar um companheiro de equipe pontuar é mais valioso do que a habilidade de pontuar sozinha].

[Espírito de luta e coragem!].

Palavras que um pouco pareciam parecer empilhadas sobre o soldado derrotado. Rhantolk mergulhou no chão.

[E-está tudo bem. Tenho certeza que você vai ficar boa nisso rápido!].

Como sempre, Lakhesh tentou animá-la. Ela realmente era uma boa criança. Mas, novamente, essa gentileza doía um pouco.

[O que está fazendo?]. Perguntou Ithea, colocando a cabeça para fora da janela da sala de jogos.

[O que eu estou fazendo... Eu realmente me pergunto...]. Rhantolk encostou suas costas contra uma parede próxima e respondeu com uma voz exausta.

Apesar de sua personalidade, Rhantolk ainda tinha um certo orgulho em ser uma das mais velhas no armazém. Como alguém que cresceu lá e serviu de guia para as pequeninas, ela não podia perder para um cara que de repente saiu do nada. Com esse raciocínio, ela havia declarado uma guerra silenciosa contra um certo alguém ausente, mas obviamente terminou em uma miserável derrota.

[Ainda não pode tirar o técnico da sua cabeça? Não adianta lutar contra alguém que não está aqui, sabia?].

[Não, não é isso], Rhantolk fez um beicinho e encarou.

[Haha].

[… O que? Eu disse algo engraçado?].

[Ah, isso só me trouxe de umas lembranças. Quando ele chegou aqui pela primeira vez, Chtholly teve uma reação similar].

Espere um segundo, eu não permitirei isso, eu definitivamente não tenho os mesmos sentimentos por esse técnico que Chtholly tinha, de fato, é exatamente o oposto de nossas reações só aconteceu coincidentemente ser semelhante, então você não pode nos colocar na mesma situação...


[Entendo], Rhantolk respondeu calmamente, suprimindo o desejo de gritar seus pensamentos reais.

Os sons de Nopht alegremente chutando a bola e deslizando em volta de Rhantolk com uma brisa leve. A julgar por esses gritos de batalha, Nopht rapidamente entendeu o jogo e estava acompanhando as pequenas. Em outras palavras, isso fez de Rhantolk o único fracasso. Superada por um impotente sentimento de derrota, Rhantolk deslizou ainda mais abaixo da parede até sentar no chão.

[... A propósito, Ithea. Você não apareceu na sala de leitura recentemente], disse ela em lugar de um suspiro pesado.

Até o outro dia, Ithea Myse Valgulious estava escondida na sala de leitura e na sala de referência, concentrando-se intensamente em algum tipo de pesquisa. Rhantolk não a via fora dessas duas salas, exceto para comer, tomar banho ou dormir.

[Você terminou de pesquisar o que queria saber?].

[Hmm não terminei realmente, está mais para o oposto...]. Ithea cruzou os braços no peitoril da janela, descansou o queixo sobre eles e soltou um longo suspiro. [Eu percebi que há um limite para o quanto eu posso encontrar aqui].

[Para recursos relacionados a nós e Dug Weapons, se você pedir a Nygglatho, você pode pedir para enviarem da Orlandri para cá. É algo diferente?].
 

Uma vez que o armazém de fadas era um estabelecimento de pesquisa Leprechaun e Dug Weapon, pelo menos no papel, a administração permitia que alguns fundos fossem gastos em livros especializados e similares, mesmo com relevância duvidosa. Os livros de pesquisa que Rhantolk usou quando ela se introduziu na língua antiga, as palavras que o Emnetwyte usaram uma vez, um pouco pertenciam originalmente a Nephren, o monstro de leitura do armazém.

[O assunto em si não é o problema. Se eu pudesse comprá-los, eu já teria comprado imediatamente, mas, aparentemente, é um livro precioso com apenas 5 cópias em toda Règles Ailés. Não só você não pode obtê-lo com dinheiro, como você precisa de permissão especial apenas para mostrar isso para você].

[Bem... acho que não há muito que você possa fazer então].

[Sim. Absolutamente nada].

Rhantolk e Ithea simultaneamente soltaram um suspiro pesado. Sendo armas, as Leprechauns não tinham permissão para deixar o armazém e caminhar livremente. Desnecessário seria dizer que ninguém teria confiado nelas o suficiente para mostrar um livro tão valioso.

[Ainda não penso que somos parecidas], disse Rhantolk.

[Está falando sobre o quê?].

[Eu e Chtholly. Ela não teria desistido tão facilmente].

[Ah, verdade].

Se Rhantolk se lembrava corretamente, esse é o tipo de garota que Chtholly Nota Seniorious era. Não é que ela fosse tão burra que não conseguia entender o conceito de impossível. Ela entendia perfeitamente e aceitou. No entanto, ela era extremamente terrível em conseguir que a verdade funcionasse bem com seus sentimentos. Seus raciocínios e emoções se chocavam de frente, e no final ela sempre acabou de repente fugindo para algum lugar. Rhantolk nunca viu isso como uma maneira muito inteligente de viver, mas, ocasionalmente, pensou que parecia uma maneira divertida de viver.

Não creio que eu possa viver assim. Bem, não é o que eu quero de qualquer maneira
, pensou Rhantolk, fingindo não notar a dor aguda em seu coração.

[Bem? O que você estava pesquisando de qualquer maneira?].

[Hm, você quer saber?].

[Eu acho...]. Claro que Rhantolk queria saber. Ela nunca encontrou o momento certo para perguntar. Depois de perderem suas boas amigas, ver Ithea segurar suas lágrimas e silenciar-se silenciosamente na sala de referência, Rhantolk achou difícil aproximar-se dela. [Está tudo bem se eu perguntar?].

[Não vale a pena esconder. Eu só queria saber o que exatamente somos].

[... Filosofia, hein?].

[Não, não nesse sentido. Em um sentido mais prático... Ou físico. O técnico disse que as Leprechauns existem há muito tempo, mas que costumavam ser bem diferentes do que nós somos agora].

[Diferente?].

[Aparentemente elas eram menores e não pensavam muito].

Rhantolk olhou para chão. Ela viu fadas muito pequenas que não pareciam estar pensando muito, cobertas de lama e correndo com entusiasmo. Além disso, a Nopht combinava perfeitamente com elas.

[Ah, diferente delas também], disse Ithea. [Pequenas o suficiente para se sentar-se na palma de um Emnetwyte. Uma vez que eram uma espécie de fenômeno natural resultante dos fragmentos da alma de uma pessoa falecida que, erroneamente, tomaram forma física, eram quase como ilusões, difícil até mesmo de se tocar].

[Uh...].

Leprechauns eram um tipo de fantasma, um fenômeno natural que resultou de uma alma que não conseguia entender sua própria morte e perambulava no mundo. Rhantolk já sabia disso. Com base nessa suposição, também fazia sentido que elas não teriam um corpo estável ou um ego. Parecia mais natural que tais almas pareciam não mais do que punhados transitórios, como as antigas Leprechauns, dos quais Ithea acabou de falar, e de que Willem Kmetsch uma vez falou.

[A materialização de uma alma. Aparentemente, por si só não é um fenômeno muito raro de acontecer. No entanto, a alma de qualquer animal normal é tão pequena que não pode se formar em nada mais do que uma névoa fina], continuou Ithea.

[... Isso é estranho]. Rhantolk estava um pouco interessada agora. [Então, se as fadas não são mais do que isso, como podemos nos explicar?].

[Sim, essa é a pergunta. Nós somos fantasmas, mas temos carne de verdade em nossos corpos... Bem, não muito em alguns casos], Ithea, olhando a área do peito de Rhantolk.

Ei! Você tem muito menos do que eu. Tenho uma boa quantia em comparação com todas as outras fadas, espera, esse não é o momento para falar sobre isso...


[Mas de qualquer forma, eu olhei alguns livros de pesquisa recentes, mas eles não disseram nada muito diferente. As fadas são fantasmas, e os fantasmas têm uma massa física muito próxima de zero. Sua forma materializada é instável, e eles são propensos a simplesmente desaparecer no ar], continuou Ithea.

[Bem... Isso faz sentido se você pensar sobre isso. Este armazém é como um despejo para relíquias não analisadas do passado. Nós somos assustadoras e podemos explodir a qualquer momento, então fomos empurradas para esta 68ª ilha no quintos dos infernos].

[Isso é verdade. Havia alguém que propôs uma nova hipótese. Ele foi um gerente anterior daqui].

Perguntando-se se poderia ter conhecido, Rhantolk começou a escavar suas memórias, mas logo percebeu sua inutilidade. Quase todos os gerentes enviados para o armazém serviram todo o seu período sem nunca aparecer no armazém. Obviamente, ela não se lembraria de nenhum deles. Apenas um rosto surgiu na menção do título de gerente do armazém de fadas, ou 2º técnico de armas encantadas.

[Ele disse que se a alma de qualquer animal normal é muito pequena, então assumindo que o ser original deve ter tido uma alma ridicularmente enorme resolveria a contradição e explicaria a existência das Leprechauns], explicou Ithea.

[Huh?]. A reação inicial de Rhantolk saiu da boca. [Que tipo de raciocínio é esse? Mesmo que a contradição desapareça, qualquer sensação de credibilidade simplesmente saiu pela janela].

[Quero dizer, estamos falando de almas e fantasmas. Não basta argumentar se é realista ou não neste ponto].

[Estamos falando de nós, e nós somos reais! É claro que precisa ser realista].

[Bem], disse Ithea com uma risada alegre. [Somos fantasmas e monstros... Em outras palavras, estamos trabalhando com a suposição de que não somos reais].

Mas…

[Se você diz isso... Então não há nenhum ponto para tudo isso, não é?].

[O breve sonho de uma criança que morreu jovem. Isso é o que somos. Não é preciso desviar nossos olhos desse fato].

Isso... Pode ser verdade, mas...


[Por sinal, minha... Uh, a vida anterior de Ithea também foi uma Leprechaun. Ela morou aqui cerca de 10 anos atrás, balançou a Dug Weapon Pachem por aí e morreu aos 18 anos].

[... O quê?]. Rhantolk olhou para Ithea, apenas para ver o seu habitual sorriso difícil de ler.

[E essa hipótese que acabei de mencionar não contradiz com minhas memórias. Se uma Leprechaun é o fragmento de uma alma gigantesca, então cumpre as condições para servir como ingrediente para uma nova Leprechaun].

[Ithea...].

[Ah, mantenha este segredo de todas as outras, ok? Eu vivi por um tempo relativamente longo, mas eu só disse isso a você e a Chtholly], disse Ithea, então riu com sua risada habitual.

Rhantolk pensou que talvez Ithea tivesse esquecido a expressão adequada a fazer em horas como essas.

[Claro, não podemos pular de cabeça e chegar à conclusão de que todas as nossas vidas anteriores eram Leprechauns. Mesmo que cada reencarnação resulte na mesma espécie, deve haver algo diferente se você voltar o suficiente. O que quer que esteja lá é o que eu queria saber].

Rhantolk não conseguiu pensar em nada como resposta.

[Bem, já que não cheguei muito longe, não há mais nada a dizer. Se o técnico ainda estivesse por perto, eu aposto que ele poderia me dar um conselho, mas ele não está. Eu originalmente comecei pesquisando para ver se havia alguma maneira de ajudar a Chtholly. Como você pode ver, não consegui a tempo, então não tem muito sentido].

Ithea riu de novo. Desta vez, no entanto, em vez de uma máscara que escondia todas as suas verdadeiras emoções, era um sorriso melancólico, que quase fazia Rhantolk querer chorar apenas olhando para ele.

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